
Um estudo publicado na revista Science trouxe novas informações sobre o funcionamento do cérebro canino. Nele, pesquisadores mostram que cães conseguem identificar palavras e entonação da fala usando regiões do cérebro similares às usadas pelos seres humanos.
“Nós humanos adoramos falar com cães o tempo todo. Nós elogiamos, os chamamos. Mas pouco é conhecido sobre o que o cão tira disso tudo, como eles interpretam nosso mundo. Eles processam o tom de nossas palavras ou conseguem processar as palavras em si também?”, questiona o pesquisador principal, Attila Andics, da Universidade Eötvös Loránd (Hungria).

Na pesquisa, Andics e seus colegas tentaram responder a essas questões. A ressonância magnética pode ser usada para medir a atividade cerebral, mas o processo requer que os pacientes fiquem completamente imóveis em um local apertado por pelo menos sete minutos. Algumas pessoas claustrofóbicas encontram problemas em realizar este tipo de exame, então dá para imaginar a dificuldade em encontrar cachorros que conseguissem ser treinados para encarar o exame numa boa.
Enquanto os equipamentos captavam a atividade cerebral desses cães, eles escutavam gravações das vozes de seus treinadores, falando em diferentes combinações de palavras e entonações, em elogios ou de forma neutra.
O resultado revela que, independente da entonação, os cães processam o vocabulário, reconhecendo palavras distintas. Mais importante, eles fazem isso de forma muito semelhante ao que os seres humanos fazem, usando o hemisfério esquerdo do cérebro. Também como os humanos, os cães processam a entonação separadamente do vocabulário, na região direita do cérebro.
Além disso, o estudo confirmou através de monitoramento das regiões de recompensa do cérebro que cães têm uma melhor resposta quando elogios são usados com tons animados.
“Isso mostra que cães não apenas separam o que falamos da forma com a qual falamos, mas também combinam as duas interpretações corretas para aquelas palavras.

Os autores dizem que é possível que a seleção de cães mais conectados à nós durante a domesticação pode ter incentivado a emergência de uma estrutura cerebral com esta capacidade. O problema, porém, é que é improvável que tamanha evolução no cérebro canino tenha acontecido em tão pouco tempo. Assim, eles sugerem que essa função cerebral já existia em cães, e que foi explorada para ligar sons à significados.
Fonte: [Science Daily , AAAS]